Quando eu envelhecer não farei alarde, vou envelhecer bem devagarinho para não tropeçar na idade e cair no esquecimento. Vou envelhecer pé ante pé, não me importarei com os cabelos brancos que a minha cabeça ostentará, nem com as marcas que o tempo faz questão de desenhar na minha face.
Usarei meu tempo ouvindo as historias que me contarão e contarei as minhas aos que quiserem me ouvir. Falarei das estrelas que contei, dos luares que testemunharam as saudades que senti, do coração que se expressou com as lagrimas que derramei. Tentarei despertar os sonhos adormecidos que esqueci de realizar e afirmarei que, mesmo assim valeu a pena sonhar.
Sentarei na varanda para conversar com Deus, contarei a Ele que no canto dos pássaros aprendi ouvir sua voz, que as flores me ensinaram a delicadeza, com as borboletas aprendi a ser alegre e elegante e com as ondas do mar a ser perseverante. Não esquecerei de dizer o quanto o por do sol me encanta.
No recôndito da alma buscarei as brincadeiras de roda, as travessuras que fiz; Encontrarei os romances que li e os segredos do coração que já estarão craquelados pelo tempo. Com o tempo que me resta, sem arrastar os chinelos, caminharei com ele de braços dados ao encontro da criança que um dia eu fui e com minhas mãos enfraquecidas e já tremulas, acariciarei a juventude que de mim se distancia.
Envelhecerei sim, mas meu coração será sempre jovem, pois nele guardo o amor e a gratidão pela vida, e ao regressar... darei adeus não num aceno, mas num sussurro e não me chamarei passado, para chamar-me saudade.
Esse texto lindo é da minha querida amiga Maria Aparecida, fiquei muito feliz em publicá-lo aqui no blog e espero que este seja o primeiro de muitos.
Beijos,
Renata Vasconcellos
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