fevereiro 08, 2012

Acabou o ritual



Desde que eu era criança pequena lá em Barbacena. Risos. Eu realizava um ritual todo início de ano. Era um ritual prazeroso e nostálgico. Não era magia, mas agora a tecnologia acabou com ele.
A agenda do ano novo! Que delícia rememorar os fatos vividos do ano que passou os eventos, as viagens, os contatos novos e os que permanecerão mais um ano em nossa vida. Preencher a primeira folha com os nossos dados, tipo sanguíneo,  alergias e pelo menos no meu caso uma pausa para preencher o campo “Em caso de emergência avise” sempre tive dúvidas nesse campo.
Desde que me recordo eu sempre passava as informações importantes como os contatos, as finanças, as orações e as mensagens motivacionais de uma agenda para a outra no início de cada ano. Mas como tudo evolui, a agenda nossa de cada dia também. Lembro da minha agenda na adolescência, era mais um diário, cheia de entradas de cinemas, bilhetinhos, papel de bala e de bombons, cartõezinhos que vinham presos nas flores, bilhetes no papel de pão (sério pode rir), pensamentos, grade das aulas, corações desenhados, sonhos coloridos de uma vida que ainda estava começando e descobrindo o mundo.
Depois começamos a trabalhar e a agenda segue esse ritmo. Incluímos as reuniões com o chefe, as tarefas, os novos contatos, os lembretes, os treinamentos e etc. Porém, a agenda ainda carrega as marcas da nossa juventude. São cheias de anotações dos bailes no colégio (eu comecei a trabalhar com 14 anos), compromissos com o namorado, as aulas de ballet, jazz e sapateado, os ensaios para a apresentação de dança para o final de ano, dia e horário das provas, as matérias e tudo mais que você conseguisse enfiar na agenda. Eu tive uma agenda tão gorda que nem fechava direito. 
E por aí vai, trabalho, faculdade, cursos, vida pessoal, calendário de vacinação dos filhos, finanças, contas bancárias, ufa! Quantas coisas! Mas era gostosa essa transferência da sua vida de uma agenda para a outra.
Porque desse saudosismo?
Comprei um tablet no ano passado, estou muito feliz com ele, só que agora não preciso mais fazer esse ritual. Senti muita falta. Era um momento para repensar as atitudes, nossos objetivos, refazer as promessas, desenhar novos objetivos. Enfim, era o momento da minha reflexão anual, não faço só uma por ano, mas essa era a mais importante. Não vou deixar de fazer isso, até porque é uma das coisas que mais prego nos meus treinamentos, e acredito muito na importância dele. Só vai ser diferente e não mais um ritual. Quando descobrir um jeito bem legal conto aqui.

Beijos,
Renata Vasconcellos

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